Champions League – Guia sobre o Borussia Dortmund
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Clube com grande tradição Europeia na década de 90, o Borussia Dortmund era um dos clubes mais populares na Europa entre os jovens dessa altura. Quem não se lembra dos torneios escolares em que sempre havia uma equipa com o nome “Borussia d’outro mundo” e que quem tinha uma camisola com as cores amarela e preto era sem duvida o mais “cool” no campo da escola. Foi neste periodo que cresceu o Hélder Teixeira, adepto ferrenho do Dortmund, que aceitou o nosso convite para escrever um artigo sobre como é este Dortmund que o Zenit vai defrontar nos 1/8 de final da Champions League. Dos factos que têm marcado esta época, passando pelas estrelas da equipa e sem esquecer claro o grande mentor desta nova vida dos “Schwarzgelben”, Jürgen Klopp. Para ler.


Actualmente o Borussia de Dortmund goza de uma popularidade nunca antes vista nos 104 anos do clube. O clube da Vestfália, após um periodo conturbado da sua história, viu a sua equipa "renascer" com a chegada de Jürgen Klopp ao clube em 2008. Com "Kloppo" a equipa ganhou identidade e passou a jogar com um carisma e uma paixão que contagiou os amantes de futebol em todo o mundo. A qualidade do "scouting" do clube aliado à utilização de jogadores provenientes da formação, permitiu ao clube criar um método de trabalho "sui generis" e que a equipa passasse rapidamente do "anonimato" de meio da tabela para "crónicos" candidatos ao título. Desde 2008, a equipa conquistou 2 vezes a Bundesliga, 1 Taça da Alemanha e 1 Supertaça Alemã, no entanto o trabalho de Klopp em Dortmund foi consagrado com a chegada da equipa à final da Champions League em 2012/2013.

Temporada 2013/2014
O inicio da temporada 2013/2014 foi profundamente marcada pela saída de Mario Götze para o grande rival Bayern. A saida de Götze causou transtorno nos adeptos, tendo em conta a maneira como o jogador foi preponderante no sucesso do clube e por ter sido um dos jogadores que surgiu da formação e cresceu com Klopp. No entanto a verba da transferência de Mario Götze permitiu ao clube reforçar-se com o Arménio Henrikh Mkhitaryan e o Gabonês Pierre-Emerick Aubameyang e com a ajuda de ambos o clube viu a sua época começar da melhor maneira possível com a vitória 4-2 sobre o rival Bayern, levantando a Supertaça Alemã pela 4ª vez na sua história. Com os niveis de confiança no máximo a Bundesliga começou da melhor forma para os "Schwarz-Gelbe". Contínuas vitórias, ajudaram a equipa a comandar a liga invicta até o dia 5 de Outubro, aquando da derrota contra o Borussia de Mönchengladbach por 2-0. A transição de Outubro para Novembro não foi gentil para com o Dortmund, apesar da reacção positiva à derrota com o Mönchengladbach com 3 vitóras consecutivas, uma delas contra os rivais Schalke 04 por 3-1 na Veltins Arena e outra por 6- 1 contra o Estugarda de Thomas Schneider, a equipa sofreu com ausências de vários jogadores por lesão. Exibições erráticas e derrotas consecutivas com Wolfsburgo por 1-0 e um 3-0 pesadíssimo contra o lider Bayern em pleno Signal Iduna Park não ajudaram à moral da equipa. Após a derrota contra o Bayern a equipa "redimiu-se" com um 3-1 contra o Mainz e tudo indicava o retorno do clube às vitórias e às boas exibições, no entanto na semana seguinte viu o 2º lugar escapar para o Bayer Leverkusen após derrota com os mesmos, em casa por 1-0. O mau momento do clube manteve-se na jornada seguinte, quer em termos "caseiros" empatando com o Hoffenheim (2-2), quer em termos continentais, garantindo a passagem às oitavas-de-final da Champions nos últimos 3 minutos de jogo, com um golo de um "suspeito nada do costume", Kevin Großkreutz. A equipa vai encontrar-se agora com o Zenit de São Petersburgo, num confronto que promete ser bastante competitivo dada a qualidade presente em ambas as equipas.


Estrela - Henrikh Mkhitaryan
Apesar de o Borussia de Dortmund não ser mundialmente conhecido pelas suas individualidades mas sim pelo seu jogo colectivo, existem vários jogadores que fazem a diferença, Reus, Lewandowski, Błaszczykowski são jogadores cada vez mais cotados a nível internacional. No entanto, com a saída de Mario Götze, o BVB viu a sua acutilância ofensiva afectada pela falta de um criativo, mas a chegada de Henrikh Mkhitaryan veio trazer velocidade, capacidade de decisão e finalização no último terço do terreno. O internacional arménio assenta perfeitamente no tipo de jogo apresentado por Klopp. Com a lesão de Ilkay Gündogan e a intermitência exibicional de Marco Reus, Henrikh tem sido o jogador em evidência com assistências, golos e acima de tudo com a sua adaptabilidade à maneira de jogar do Borussia de Klopp. Não parece que chegou em Junho, quem o vê jogar diz que Mkhitaryan cresceu em Dortmund, pois quando está em campo respira "BVB" e exibe isso em cada jogada.

Treinador — Jürgen Klopp
Após 11 anos como jogador no Mainz 05, Klopp continuou no clube como treinador. 7 anos de Mainz 05 apresentaram Klopp como um treinador talentoso e promissor. Inevitavelmente, após a sua saída do clube em 2008 surgiram propostas de clubes como Hamburgo e até do colosso Bayern de Munique. O destino quis que fosse parar a Dortmund. A sua maneira de ver o futebol trouxe ao clube carisma, paixão, qualidade e acima de tudo troféus. "Kloppo" como é carinhosamente conhecido, é um apaixonado pelo futebol bonito, pelo futebol de ataque, o futebol tem de gerar paixão, tanto nos intervenientes como nos adeptos e esta filosofia tem tido resultados incríveis. Deu a conhecer talentos como Lewandowski, Hummels, Piszczek, Şahin, Götze, Kagawa, Subotic entre outros. Aquando da final da Champions, disse o seguinte : «Nós somos um clube, não uma empresa. Depende da história que os adeptos queiram ouvir. Se respeitarem a história do Bayern e do que ganharam desde 1970, podem apoiá-los. Mas se querem uma história diferente, uma história especial, têm que estar com o Dortmund». A verdade é que durante os seus 6 anos como líder da nação "Schwarz-Gelbe", ele apresentou ao mundo um "BVB" diferente, um "BVB" especial.

Opiniões acerca do confronto com o Zenit de São Petersburgo:
Jürgen Klopp: “Nunca estive na Rússia mas espero ansiosamente os nossos jogos com o Zenit. Nas próximas semanas iremos preparar os jogos intensivamente e iremos estudar o nosso adversário o melhor possível. Qualquer equipa que consiga "sobreviver" à fase de grupos da Champions tem de de ter qualidade, mas neste momento não posso falar muito sobre eles. Será muito melhor estudá-los cuidadosamente, especialmente tendo 2 meses até ao nosso primeiro jogo.

Sebastian Kehl: “ Zenit não seria o adversário mais difícil que nos poderia ter calhado, mas nunca jogamos em São Petersburgo antes, e devemos esperar uma temperatura desconfortável. Se mostrarmos todo o nosso valor, temos uma boa hipótese de passar, especialmente jogando o primeiro jogo fora, o que poderá ser vantajoso para nós. Estamos todos à espera para viajar até São Petersburgo."

Kevin Großkreutz: “Para ser honesto, preferia jogar contra o AC Milan. É uma cidade incrível, relativamente perto de Dortmund e muitos dos nossos adeptos poderiam facilmente viajar até lá. No entanto o Zenit é um adversário bastante interessante. Têm o Hulk que é um avançado extremamente perigoso e devemos ter cuidado com ele e marcá-lo de perto. Acho que o facto de terem passado o grupo com apenas 6 pontos e diferença de golos negativa não interessa nada. O Zenit continua a ser um adversário muito perigoso."

Jovens afirmações — Jonas Hofmann e Eric Durm
Devido às contínuas lesões, Kloppo foi "obrigado" a recorrer às alternativas provenientes da formação, fê-lo até com mais frequência do que o que normalmente pretenderia, casos de Sarr, Ducksch, Durm e Hofmann. No entanto, estes dois últimos passaram de jovens promessas, a jovens afirmações. Hofmann é um médio ofensivo, que pode jogar tanto encostado à linha como médio interior. É claramente uma aposta de Klopp, aliás tem funcionado como o seu "trunfo" em vários jogos esta época, apresentando números bastante positivos. O médio efectuou 13 jogos na Bundesliga, 5 na Champions, 3 na Taça da Alemanha, nos quais apontou 2 golos e fez 7 assistências. Eric Durm teve formação como extremo mas dada as lesões de Piszczek e Schmelzer foi introduzido na equipa como lateral esquerdo improvisado, no entanto as suas boas exibições levaram Klopp a afirmar que Durm "nasceu para jogar na Champions". Eric Durm a manter-se a este nível será certamente alternativa viável a Schmelzer num futuro bem próximo. Será interessante observar a afirmação de ambos neste Dortmund.

História na Champions League
Apesar de 104 recheados de história e conquistas, a Champions não viu o Dortmund durante algum tempo após a grande conquista de 96/97 contra a Juventus e de ter alcançado a semifinal em 97/98. O clube só conseguiu passar a fase de grupos e aparecer numa fase final da competição em 2012/2013, onde curiosamente chegou até à final. Este ano procura repetir essa façanha, tendo já assegurado a presença nas oitavas de final contra o Zenit de São Petersburgo.

11 Inicial
Com o departamento médico do clube a ser obrigado a trabalhar muito mais do que o pretendido, prever um 11 inicial do BVB torna-se tarefa difícil, no entanto fica a sugestão:
Weidenfeller — Schmelzer, Papastathopoulos, Hummels, Piszczek — Gündoğan, Bender, Aubameyang, Mkhitaryan, Reus —Lewandowski.


O autor: Hélder Teixeira
Dortmund

Nasceu no Porto mas vive actualmente em Bergen, na Noruega. O interesse pelo Borussia de Dortmund nasceu com a ida de Paulo Sousa para a Vestfália, virando paixão com as conquistas da Champions em 96/97 e consagração do clube como campeão do mundo no mesmo ano ao vencer a Intercontinental. Desde então segue sempre o clube de perto.

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