Luís Neto- “Se ficar a caminho, porque não dar boleia a um adepto?”
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Numa entrevista para a revista “ProZenit”, o central Português respondeu às mais variadas perguntas dos adeptos! Da vida que ele e a sua namorada levam em São Petersburgo, passando pela sua adaptação ao Zenit e pela amizade com Bruno Alves, Luís Neto não fugiu a nenhuma das perguntas. Teve ainda tempo para falar de uma história muito badalada entre os adeptos – a boleia que deu a dois jovens seguidores do Zenit após um treino!


— Luís, não te importas por ter o número 13? Não acreditas nessas maldições?
—Nunca vivi nenhum mau momento por ser o número 13. Adoro o número 4, portanto já joguei com o 14. Também joguei com o 26 por ser o dia do meu aniversário. Também já fui o 3 e 33 mas não escolhi nenhum deles. Em Portugal o número era escolhido dependendo da posição no terreno. Quando fui para o Siena pedi o 4 ou o 26 mas estavam os dois escolhidos. Assim sendo escolhi o 13, por ser 1+3. No Zenit o número 4 pertence ao Criscito e o 14 ao Hubocan, portanto mantive o 13. Não acredito que isso traga azar, tudo depende apenas de nós e das nossas qualidades.

— Luís, que equipa te parece ser um adversário mais complicado para o Zenit? Spartak ou CSKA?
— Quando cheguei a São Petersburgo sabia que o maior rival era o Spartak e isso não era só pelo facto do Spartak ser de Moscovo. Mas pelo facto do CSKA ter vencido o campeonato e depois nos ter batido na Supertaça, penso que actualmente são o nosso principal rival. Para mim vencer o CSKA sabe ainda melhor do que vencer o Spartak.

— Uma vez levaste-me a mim e a um amigo de carro até à estação do metro. Fazes regularmente boas acções dessas ?
— Já o tinha feito antes de me mudar para São Petersburgo – Em Itália por exemplo. Claro que se para levar os adeptos eu tivesse de ir à outra ponta de cidade ou não me tivesse ficado a caminho, provavelmente não o faria. Mas se fica a caminho, porque não dar uma boleia? E para mim também é uma viagem mais divertida.

— Gostas da tua situação no Zenit?
— Como qualquer novo jogadores que se muda para outro país, precisei de algum tempo para me adaptar. Comecei bem mas depois houve um período mais complicado. Campeonato novo, equipa nova, colegas novos – é preciso adaptarmo-nos a isso. Adoro fazer parte do Zenit e estamos deliciados por viver em São Petersburgo. A situação agora no clube é excelente e mais confortável que na época anterior. Espero que consigamos continuar a agradar os adeptos com vitórias.

— Qual o avançado mais complicado de travar na Liga Russa?
— Não joguei frente ao Spartak (a entrevista foi feita antes do jogo do fim de semana), portanto não posso avaliar a força da sua linha de ataque. É óbvio que o Lokomotiv tem grandes jogadores. Mas eu apontaria o Doumbia do CSKA Moscovo.

— Luís quando foi a primeira vez que pegaste num carro? Como foi a experiência?
— Foi terrível. Tentei guiar o carro do meu pai quando estava a preparar-me para o exame da carta. Passado um minuto tive de parar pois mais um pouco e tinha provocado um acidente. Agora conduzo bem e gosto de conduzir.

— Tens algum ídolo do qual admires a sua barba?
— Deixa-me pensar… Talvez a barba do Johnny Depp. Ele tem a barba ideal.

— Luís, tens estado a aprender Russo? Ou apenas algumas frases?
— Tenho tido aulas de Russo e tento perceber o que os meus colegas Russos dizem. Posso dizer я говорю (eu falo), «я смотрю (eu vejo), почему(porquê), пожалуйста (por favor) e mais algumas palavras individuais e frases. No terreno de jogo certamente que não percebo tudo em Russo, mas percebo bastante.

— Como te concentras para um jogo?
— Normalmente ouço música alegre, como a Brasileira por exemplo. Ajuda a concentrar-me. Antes de entrar em campo rezo dois ou três minutos e penso na minha avó. Penso que a minha família está ao meu lado naquele momento.

— O relvado no jogo frente ao Ural estava em más condições? Foi por isso que escorregaste?
— Quando examinamos o relvado antes de jogo estava tudo bem. Mas depois quando saímos para o aquecimento já estava muito diferente. A relva estava molhada e lamacenta, muito escorregadia. Tivemos de mudar de chuteiras mas eu nunca tinha jogado com outro modelo que não o normal com 13 pitons de plástico, portanto tentei fazê-lo também nesta partida em Yekaterinburgo. Foi um erro. Escorreguei três vezes. Além do momento do golo escorreguei mais duas vezes. Durante o intervalo eu troquei para chuteiras com pitons combinados – de alumínio e plástico.

— Gostas de raparigas com vestido azul?
— Azul e cinzento são as minhas cores favoritas. Por isso se uma rapariga está com vestido azul, porque não gostar? Especialmente se estivermos a falar da minha namorada.

— Imagina que o Zenit estava a pensar comprar um destes centrais: Puyol, Ferdinand, Cannavaro, Vidic, Terry ou Nesta. Com qual deles gostarias de fazer dupla para melhorares o teu jogo?
— No Zenit comecei a jogar com o Bruno Alves, pessoas que me ajuda muito no relvado e for a dele. Também desde o início fui ajudado pelo Lombaerts e Hubocan. Gosto de forma dupla com eles. Da lista que referiste deste o nome dos melhores defesas e qualquer um deles fortaleceria a nossa equipa. Mas eu tenho muito a aprender com os meus actuais colegas do Zenit. Na verdade sou o mais jovem dos nossos centrais.

— Sentes falta do Bruno Alves?
— Sim, mas continuamos a comunicar bastante – normalmente via Whatsapp. Eu conhecia-o antes de jogar no Zenit, até porque somos da mesma cidade. Tive pena quando ele anunciou que iria sair. Mas só lhe desejo toda a sorte. As coisas em Istambul estão a correr bem, embora ele admita por vezes que sente falta da equipa. Mas ele adora Istambul e os adeptos adoram-no.

— Não ficas ofendido com as brincadeiras que os adeptos fazem com o teu último nome?
— Eu sei o que significa o meu nome em Russo. Às vezes quando vejo a palavra nas manchetes dos jornais questiono-me se é um artigo sobre mim. Mas na maior parte das vezes verifico que não é nada sobre mim. Com as piadas não me importo nada.

— Luís, com a tua chegada a defesa do Zenit passou finalmente a ser constituída por jogadores de top! E isso é bom! O que achas por seres chamado por alguns adeptos de “Mujahid de São Petersburgo” por causa da tua barba grande?
— Mujahid ? Hmm . Bem, se alguns gostam de me chamar dessa forma estão no seu direito, não há problema. Posso dizer que lutarei sempre pela vitória do Zenit.

— Se eu for a Portugal devo ir visitar a cidade onde tu e o Bruno Alves nasceram?
— Este não é o período do ano melhor para essa visita. Temos a praia portanto a Povoa de Varzim é muito mais interessante no Verão. E existem excelentes restaurantes. Além disso é perto do Porto, onde existem muitos locais que merecem uma visita.

— Li que gostaste das armas e dos tanques no Museu de Artilharia. Foste mesmo lá?
— Sim, desde criança que gosto dessas coisas! Portanto num Domingo fui dar uma vista de olhos. Armas, tanques e o mais espectacular – os foguetões!

— A tua namorada não se aborrece em São Petersburgo? Talvez ela possa abrir cursos de Português para os fãs?
— Na verdade pode ser muito aborrecido quando eu vou de viagem ou nos estágios antes dos jogos. Mas já está habituada e o tempo voa rápido. Portanto vivemos bem aqui. Não sei sobre os cursos pois para ensinar Português aqui seria bom antes aprender Russo. Na verdade também recebemos muitas visitas – por exemplo o meu pai com o meu tio. Eles estiveram cá pois o Francisco Ramos, que joga na equipa jovem do Porto, é meu primo, portanto eles tiveram a oportunidade de torcer por ambos nos jogos da Liga dos Campeões e também na partida com o Amkar.

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